Em uma noite de verão, na beira da estrada vagava um solitário e faminto cachorro-do-mato. Na beira da estrada havia um lixão, não abandonado, mas que só era lembrado quando pertences, antes úteis, se tornavam mais uma carcaça incoerente de penetra no dia a dia de alguém. No meio da lixarada, o bichano revirou cada bregueço atrás de um mero pedaço de comida. Podia ser o que for, mas o que parecesse a apetitoso era muito mais do que bem-vindo. Encontrou uma caixa branca, robusta, com um quadrado escurecido, refletindo a imagem do canino estarrecido. Cheirou, cheirou, cheirou, mas não parecia um ser vivo, tão pouco uma frutinha que despertasse o apetite. A caixa parecia ser dividida em duas partes, uma maior que a outra e que se encaixavam quase que pela metade. Curioso, o nosso herói puxou a parte que servia de moldura à vidraça escurecida que refletia — impressionantemente só com a luz da Lua — o seu focinho intrometido. Linhas coloridas, uma planície verde e outra marrom comportando uma diversidade de estruturas bem pequenininhas e por vezes prateadas. Tentou arrastar a estrutura montanhosa por trás da escura vidraça, mas era tão pesada que se contentou com o todo o resto. Toda aquela desordem atrás do quadro envidraçado foi parar na barriga de um cachorro-do-mato em uma noite de verão.