— A porcaria que você me vendeu não funciona! — gritou a raposa.
— Olhe ao redor, por favor — clamou o gambá.
E a raposa cedeu. Cada bugiganga era tão inexpressivamente desinteressante quanto a outra. O relógio na bancada do gambá era o que havia de mais valioso para a raposa naquela loja.
— Eu menti, eu menti! — confessou o gambá.
A raposa gastou todas as energias que ainda tinha para poder conter toda a raiva que sentiu ao ouvir aquelas palavras.
— Eu não suporto tudo isso — disse a raposa, tentando não chorar.
— Por favor, suporte.
— Por que você quebrou o relógio?
— Por que você queria impedir a sua mãe de conhecer o único homem que ela amou?
— O que você tem a ver comigo?
— Seus pais são a sua causa, você é a minha.
Pela vitrine da loja, qualquer um poderia ver o espanto da raposa.