— 50 reais.
— Promete pagar?
— É mais fácil eu te prometer amor.
Meteu a mão nos peitos e entregou a nota, quase que de imediato.
— Um dia, a gente ainda vai casar! — disse o galo.
Com um tom benevolente, Rita advertiu:
— Você vai pagar de qualquer jeito.
Humberto entendeu o recado e estava confiante de que não iria vacilar.
Atravessou, como um jato, os vagabundos e as mulheres feias que dançavam na festa, ainda com a nota agarrada na mão. A energia caiu de repente, fazendo a música parar e o movimento lúdico se perder.
— Puta que pariu! — gritou alguém, e logo em seguida um disparo que mais soou como uma descarga elétrica.
Por precaução, finalmente decidiu guardar a nota de 50 no bolso do jaleco. A porta estava aberta, deixando entrar a luz do poste, e Larry não estava ali. Adentrou novamente a noite fria, na companhia de ninguém, para desbravar porra nenhuma, só querendo chegar em casa e fumar um antes de cair no sono.