Já dentro do castelo, sentia estar perto do coração do forte, pois quanto mais avançava no corredor, mais chamativas eram as portas pelas quais eu passava, tanto em questão de tamanho quanto de ornamento. Infelizmente, na sala de número 23, eu fui barrado por um cavalo sem olhos e que se dirigia a mim com muita eloquência.

— Nada pessoal — ele me disse —, mas você não é bem-vindo aqui.

— Mas a entrada é aberta ao público — eu o lembrei.

— Correto, mas você não deveria ter se sentido bem-vindo até aqui. Por conta disso, você sequer deveria ter pensado em pisar neste lugar.

Fui encaminhado à saída, sendo repreendido silenciosamente pelos outros visitantes. Mesmo que esperassem alguma resposta de mim, sei que cederia à vergonha, como sempre faço. Pelo menos, na hora da execução, descobri que a espada do cavalo era tão cega quanto ele. Fui jogado no lago e dado como morto, quando apenas havia sofrido um corte irrisório na garganta.