Quanta verdade você suporta? Disse-me que uma nevasca selvagem partiu, como um raio, de suas entranhas. Somos o mover do seu sentir, seres inerentes à inconsistência, assim como um rio que lembra a forma movediça da areia. Disse-me: “Amo tudo e todos.” A sua criação mais especial não nasceu de meticulosa engenharia, mas de uma forma de desordem ainda incompreensível às nossas mentes. Pediu que confiássemos na caminhada, pois é inevitável: a passos mortais, estamos na trilha para nos tornarmos Deus. A partir dali, eu já não era mais criança. Havia entendido que não existem verdades absolutas e que somos infinitos dentro de nossas próprias limitações. Meu medo perdeu a coragem, e a minha própria já não tinha propósito. Era tanta a liberdade que eu já não conseguia ver entraves, inimigos ou ameaças. Existir já não era uma batalha. Viver já não era mais uma corrida. Tudo isso não passou de um vívido faz de conta — um recado aos limites: o ralo contorno de suas curvas já não me seduz mais. Agora, quero ver o sorriso de cada uma das faces da vida.